sexta-feira, 28 de junho de 2013

FDA não recomenda o uso de Hidroxietilamidos (HES) em pacientes adultos em estado critico.

A US Food and Drug Administration (FDA) emitiu dia 24/6 um comunicado relativo aos Hidroxietilamidos (HES) onde se pode ler: 


"FDA has concluded that HES solutions should not be used in critically ill adult patients, including patients with sepsis and those admitted to the ICU"

As recomendações para os profissionais de saúde são:
  • Do not use HES solutions in critically ill adult patients including those with sepsis, and those admitted to the ICU.
  • Avoid use in patients with pre-existing renal dysfunction.
  • Discontinue use of HES at the first sign of renal injury.
  • Need for renal replacement therapy has been reported up to 90 days after HES administration. Continue to monitor renal function for at least 90 days in all patients.
  • Avoid use in patients undergoing open heart surgery in association with cardiopulmonary bypass due to excess bleeding.
  • Discontinue use of HES at the first sign of coagulopathy.

Podem ler aqui o comunicado: 

http://www.fda.gov/BiologicsBloodVaccines/SafetyAvailability/ucm358271.htm

O que são os Hidroxietilamidos?


Soluções sintéticas coloidais modificadas a partir da amilopectina. Este polissacarídeo é formado por subunidades de glicose interligadas por ligações alfa 1,4 e 1,6. O grau de ramificação é de 1:20, o que significa que há uma ligação alfa 1,6 para cada 20 monômeros de glicose. Para aumentar a solubilidade em água e lentificar a hidrólise pela amilase, substituem-se os grupos hidroxil pelos hidroxi-etil (principalmente nos carbonos 2, 3 e 6).
Os HES são caracterizados pelo seu grau de substituição, pela razão molar de substituição, pela razão C2/ C6, pelo peso molecular médio e concentração.
O grau de substituição é determinado pela razão entre o número de moléculas de glicose com substituição do radical hidroxi-etil e o número total de moléculas presente. A razão de substituição molar é dada pela divisão do número total de grupos hidroxi-etil pelo número de moléculas de glicose.
Quanto maior o grau de substituição e/ ou a razão de substituição molar, menor é a degradação.
A razão C2/ C6 expressa o tipo de substituição, traduzindo-se no dividendo do número de moléculas de glicose com hidroxi-etilação no C2 pelo número das mesmas com hidroxi-etilação no C6. Quanto maior a razão, mais lenta é a depuração.

1 - Farmacocinética

A principal via de excreção é a renal (moléculas menores que 50000 Da aparecem quase imediatamente na urina).
A taxa de decaimento plasmático depende de sua absorção tecidual (fígado e baço), do retorno gradual à circulação, da captação reticulo-endotelial e da degradação subsequente a partículas menores excretadas na bilis e urina.
Logo após infusão venosa, as moléculas são clivadas pela alfa-amilase sérica, resultando em moléculas menores. Quanto maiores forem o peso molecular, a razão C2/ C6 e o grau de substituição, maior será a duração do efeito e mais lenta a eliminação.

2 - Ações Orgânicas

2.1 - Efeitos microcirculatórios – além de serem indicados para expansão plasmática, alguns estudos sugerem atenuação da resposta inflamatória, redução da permeabilidade capilar e diminuição da lesão/ ativação endotelial. Os efeitos hemorreológicos produzidos parecem melhorar a oxigenação tecidual. No entanto, há necessidade de estudos com maior grau de evidência para validar estes potenciais benefícios.

2.2 - Coagulação – os HES de alto peso molecular, grau de substituição e razão C2/ C6 parecem diminuir os fatores vWF e VIII c: por precipitação, alargando o tempo de tromboplastina parcial ativada. Além disso, estes mesmos HES mostraram indução de disfunção plaquetária. Os HES mais modernos com peso molecular e grau de substituição menores parecem ser mais seguros. Estudos com maior impacto devem ser conduzidos nesta área.

2.3 - Função Renal – os HES com alto peso molecular e alto grau de substituição induzem maior grua de disfunção (hiperviscosidade tubular com estase e edema de células tubulares). No entanto, adequada hidratação tende a anular este efeito.
Fatores como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, desidratação, hipotensão, idade avançada, hipóxia, antibióticos, inibidores da enzima de conversão de angiotensina 1 e doença renal prévia têm sido relacionados ao aumento de falência renal em pacientes que receberam HES.

2.4 - Reações alérgicas – incidência de 0,006% em relação do dextran. Acredita-se em ativação direta do complemento mediando reação anafilactóide.

2.5 - Prurido – frequentemente associado ao uso crónico e relacionado à acumulação extravascular (dose-dependente de longa latência antes dos sintomas).

2.6 - Hiperamilasemia – devido ao fato da amilase ligar-se ao HES, esta escapa da excreção renal e tem seus níveis séricos aumentados em até cinco vezes. Porém, este fato não está ligado a disfunção pancreática ou diminuição de atividade da lipase.

3 - Posologia
A dose máxima varia com as características de cada amido. No caso do HES 450/ 0,7 a 6% recomenda-se o máximo de 20 ml/ kg/ dia ou 1500 ml/ dia. Doses de 50 ml/ kg/ dia de HES 130/ 0,4 a 6% foram aprovadas para uso clínico.

Em Portugal de acordo com o prontuário do Infarmed, estão disponíveis os seguintes:

-  HyperHAES
- Cloreto de Sódio + Hidroxietilamido Baxter 0,9% + 6% Solução Para Perfusão
- Haes-Steril 6%
- Hemohes 6%
- Infukoll 6%
- Venofundin
- Voluven Fresenius

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